Oi, pessoal!

Eu me chamo Alexandre e escrevo para vocês diretamente de Berlim. A convite da direção do Goethe-Zentrum Brasília, vim à capital alemã passar quatro semanas em um curso intensivo no Goethe-Institut.

Ao longo desse período tenho 4h30 de aulas diárias, de segunda a sexta-feira. No meio disso tudo teve um feriado nacional importante por aqui: Tag der Deutschen Einheit, o dia da unidade alemã.

Celebrada desde 1990, quando da reunificação do estado alemão, a data mobilizou uma grande estrutura e trouxe bastante gente para as festas. Desde segunda-feira havia shows no portão de Brandenburgo. Estava bem cheio!

Para os que moram em Brasília e estão familiarizados com as solenidades governamentais da capital federal, o feriado alemão parece muito com um Sete de Setembro (guardadas as devidas proporções históricas), onde quem gosta muito comparece aos desfiles e quem já não se sente muito atraído fica em casa, uma vez que praticamente tudo está fechado.

Engraçado é que uma unidade do Edeka (rede de supermercados) estava aberta na estação de Friedrichsstraße e havia uma fila enorme na porta formada por pessoas que provavelmente se esqueceram de comprar com antecedência os suprimentos para o recesso.

No início da tarde, passei em frente ao Bundestag – edifício sede do parlamento alemão – e muita gente ainda estava lá para fazer fotos, piqueniques ou mesmo um passeio pelo gramado em frente ao prédio reconstruído no pós-guerra.

No início do dia, o presidente Frank-Walter Steinmeier falou a um auditório repleto de autoridades um discurso de conciliação, mas de atenção para os “muros menos visíveis” que podem se reerguer no país. Sem citar a sigla, Steinmeier fez referência ao partido Alternative für Deutschland (AfD), representação de extrema direita que foi eleita no último dia 24 a terceira maior no parlamento alemão.

Preocupado com um possível ressurgimento do ultranacionalismo, o presidente chegou a mencionar a possibilidade de se expedirem leis de imigração mais restritas, de maneira a tentar reconquistar os mais de 700 mil alemães que até esta eleição haviam desistido do pleito, mas, dessa vez, decidiram apoiar a AfD.

Em frente ao Portão de Brandemburgo, tinha gente com placas de apoio ao grupo, enquanto outros protestavam em favor dos imigrantes, refugiados e minorias. Uma mistura bastante curiosa, mas que pouco mais de 27 anos atrás talvez não fosse possível, já que um muro separaria a todos.

Vejo a cada dia que Berlim mostra de uma vez a diversidade de histórias que existem em suas esquinas.

E por esses mesmos cruzamentos, em ruas com nomes impronunciáveis para muita gente, passam pessoas de cada canto do mundo e que trazem para cá um pouquinho da própria história. Hoje, mais do que nunca, muitas dessas pessoas buscam em Berlim – e na Alemanha, de modo geral – oportunidades para reconstruir a própria história com um futuro mais seguro.